Já faz tempo que comecei a estudar a fundo os aspectos de Segurança e Saúde no Trabalho e, sinceramente, um dos temas que mais desafiaram minha compreensão foi o dos riscos psicossociais. A primeira vez que ouvi esse termo, confesso, achei vago. Mas hoje percebo o quanto ele mexe, de formas sutis e impactantes, na vida real das pessoas nas empresas. Especialmente após as mudanças da NR-1, vejo que esse assunto ganhou peso real.
No Portal NR1, diariamente acompanho relatos de quem busca entender como a própria organização pode lidar melhor com esses riscos. E, talvez por isso, quero compartilhar uma visão didática e prática sobre o tema, sem esconder os desafios, mas também focando em caminhos possíveis – mesmo que nem sempre perfeitos.
O que são riscos psicossociais de verdade?
Risco psicossocial não é só pressão do chefe, excesso de trabalho ou um clima ruim. É mais tênue, mais silencioso. É aquela mistura entre ambiente, tipo de tarefa, forma de gestão e características do grupo. Por exemplo, posso citar:
- Exigências de produtividade desmedidas
- Falta de apoio dos colegas e gestores
- Dificuldade de equilibrar vida pessoal e trabalho
- Insegurança sobre o futuro ou sobre o papel de cada um
Esses riscos podem gerar ansiedade, estresse, burnout e até depressão. São impactos concretos na saúde, não apenas “mimimi”, como ainda se ouve por aí.
Vi de perto profissionais excelentes se afastarem do emprego por situações evitáveis. É por isso que venho insistindo, inclusive no Portal NR1, que o gerenciamento deles merece atenção de verdade.
NR-1: por onde começa a gestão desses riscos?
Com a atualização da NR-1 em 2019 e 2020, inclusive quando ela trouxe o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), a abordagem mudou. Deixou de focar apenas nas máquinas, poeiras e agentes físicos. A NR-1 passou a incorporar a ideia de que riscos psicossociais fazem parte do risco ocupacional.
Isso acontece porque a própria definição de perigo inclui “fatores psicossociais”. Isso, para mim, foi um divisor de águas. Ou seja, agora é necessário:
- Identificar riscos psicossociais junto com os demais perigos do ambiente de trabalho.
- Analisar criticamente esses riscos, entendendo que cada empresa e setor apresentam dinâmicas próprias.
- Registrar no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), tornando o procedimento transparente.
Esse assunto aqui é tão relevante, que já foi pincelado em estudos de caso, como os que compartilhei em histórias de sucesso na aplicação de NR-1, mostrando empresas que conseguiram não só identificar, mas reduzir problemas graves ligados ao adoecimento mental.

Principais desafios na gestão dos riscos psicossociais
Pode parecer simples, na teoria. Mas não é assim na “vida real”. Na minha opinião, enfrento essas barreiras quase sempre que converso com gestores e profissionais:
- Tabu e preconceito: Muitos ainda não veem saúde mental como prioridade. O medo do julgamento paralisa ações necessárias.
- Dificuldade de medir: Como quantificar aquilo que é subjetivo? Questionários, entrevistas, escuta ativa… mas, mesmo assim, parte da realidade escapa dos números.
- Recursos limitados: Não raro, vejo áreas de SST sem braço para cuidar de temas além dos já clássicos, e RH costuma estar sobrecarregado.
- Baixa participação dos trabalhadores: Às vezes, por resignação ou receio, colaboradores preferem silenciar ao invés de relatar situações.
“O inimigo invisível nunca parece urgente até virar crise.”
Talvez o principal aprendizado, vindo da prática, seja aceitar que não existe fórmula mágica. Cada contexto pede soluções diferentes.
Soluções possíveis a partir da NR-1
Tenho visto, pelos estudos compartilhados no próprio Portal NR1, algumas formas de avançar, mesmo entre tantas dificuldades. Nenhuma é simples ou rápida. Mas são caminhos. Cito, por exemplo:
- Uso de ferramentas de diagnóstico, como entrevistas, rodas de conversa e pesquisas anônimas, adaptadas à cultura local
- Planejamento de ações educativas voltadas ao tema, integrando líderes, RH e equipes de SST
- Canais de escuta confidenciais e programas de apoio psicológico
- Clareza sobre jornadas, pausas, metas e funções, promovendo transparência real
- Envolver trabalhadores em cada etapa do PGR, desde o levantamento até o monitoramento
Na seção de legislação do Portal NR1, já destaquei exemplos práticos e como a lei atual sustenta essas iniciativas. Esse alinhamento é indispensável para mostrar que prevenção não é luxo, mas dever legal e social.

O papel do Portal NR1 e os próximos passos
Todo esse conteúdo que comento aqui só faz sentido porque sinto que nossa missão com o Portal NR1 é tornar a NR-1 menos “gancho burocrático” e mais ferramenta viva de prevenção. Compartilho notícias, experiências e curiosidades, não só para informar, mas também para motivar uma mudança genuína de postura nas empresas.
Já reuni experiências, casos nacionais e até reflexões sobre modelo de gestão do GRO que deram certo. Inclusive, convido quem quer encontrar uma abordagem aprofundada e leve sobre saúde mental no trabalho a pesquisar direto na busca do Portal NR1 por conteúdos mais detalhados e exemplos do cotidiano.
E, claro, os exemplos práticos disponíveis em posts específicos ou estudos recentes do Portal NR1 mostram como sair do discurso para a ação.
“Todo risco psicossocial reconhecido abre espaço para uma empresa mais humana.”
Conclusão
Percebo que a gestão de riscos psicossociais dentro da NR-1 exige coragem para encarar conversas difíceis, sensibilidade para adaptar metodologias e determinação para persistir. Não é um caminho fácil ou rápido – e reconheço minhas próprias dúvidas ao longo da jornada. Mas, entre acertos e tropeços, só vejo sentido na prevenção se fizermos com consistência e escuta ativa.
Se você quer transformar sua cultura organizacional ou precisa ir além das obrigações legais, siga acompanhando o Portal NR1. Nosso compromisso é trazer informações atualizadas, exemplos reais e, principalmente, tornar os desafios técnicos em ações palpáveis na sua empresa. Continue essa jornada conosco e faça parte de um novo olhar para a saúde no trabalho.
Perguntas frequentes
O que são riscos psicossociais no trabalho?
Riscos psicossociais são fatores do ambiente de trabalho que podem afetar negativamente a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores. Eles envolvem aspectos como pressão exagerada por resultados, relações conflituosas, falta de controle sobre as tarefas e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Como identificar riscos psicossociais na empresa?
O ponto de partida é observar indícios como absenteísmo, alta rotatividade, queixas frequentes, sobrecarga ou desmotivação. Ferramentas como pesquisas, entrevistas e rodas de conversa ajudam a enxergar questões subjetivas. Envolver os próprios trabalhadores no diagnóstico aumenta a precisão dessas percepções, tornando o processo mais transparente.
Quais são os desafios da NR-1?
A NR-1 enfrenta alguns desafios, como a dificuldade de adaptar procedimentos para diferentes realidades, o preconceito relacionado à saúde mental e a necessidade de integrar áreas como SST e RH. Outro desafio é garantir que os riscos psicossociais sejam reconhecidos e gerenciados, não apenas documentados em papel.
Quais soluções para gestão de riscos psicossociais?
Entre as soluções, posso citar: campanhas de conscientização, canais de escuta ativa e anônimas, formação de líderes para acolhimento e estratégias de melhoria do clima. O mais potente é manter planos de ação contínuos, sempre envolvendo os trabalhadores e alinhando tudo ao Programa de Gerenciamento de Riscos.
Como a NR-1 trata riscos psicossociais?
A NR-1 inseriu, de forma clara, os riscos psicossociais na definição de perigos ocupacionais. Por isso, ela exige que esses riscos sejam levantados, avaliados, controlados e monitorados dentro do PGR, assim como qualquer outro risco trabalhista. Isso dá respaldo para ações concretas de prevenção e cuidado.
