Quando falamos em Segurança e Saúde no Trabalho (SST), a Norma Regulamentadora 1 (NR-1) serve como base para todas as outras normas e políticas de proteção do trabalhador. A atuação do RH nesse cenário é indispensável, pois é o setor que está próximo do cotidiano dos colaboradores. E um instrumento que pode ser decisivo para o RH é a matriz de riscos. Hoje, vamos mostrar como esse recurso pode transformar o dia a dia, facilitar decisões e reduzir incidentes nas empresas – compromisso que seguimos firmemente aqui no Portal NR1.
O que é matriz de riscos e seu papel na NR-1
A matriz de riscos resume os perigos, classifica o grau de cada risco e estabelece prioridades para a ação, de forma visual e prática. Na NR-1, especialmente com a exigência do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), essa ferramenta tornou-se ainda mais relevante, pois organiza informações que simplificam a tomada de decisões pelo RH e gestores.
A matriz apoia na identificação, avaliação e no acompanhamento do controle dos riscos, facilitando a comunicação entre RH, lideranças e equipes operacionais. Quem já vivenciou um incidente sabe: visualizar claramente o que realmente ameaça o ambiente de trabalho pode ser o divisor de águas na prevenção.

O contexto brasileiro: por que o RH precisa agir
Dados do governo federal revelam o contexto preocupante: em 2024 o Brasil registrou 724.228 acidentes de trabalho. Mais da metade resultaram em afastamentos, muitos deles curtos, mas há sempre aqueles casos graves e fatais. Em 2023, foram 2.888 acidentes fatais, principalmente na construção civil e transporte rodoviário, com as principais causas relacionadas a quedas, choques elétricos e fadiga por excesso de trabalho (724.228 acidentes de trabalho e 2.888 acidentes fatais).
Os números mostram que é preciso superar a velha cultura do improviso e investir em métodos proativos de prevenção. No Portal NR1 já destacamos como um inventário de riscos eficaz é o ponto de partida para um PGR realmente aplicável. A matriz de riscos é a ferramenta que transporta esse inventário para o plano prático do RH.
Como funciona a matriz de riscos na prática do RH
Na matriz, o RH cruza dois vetores essenciais:
- A probabilidade de o risco acontecer (baixa, média ou alta);
- O impacto caso ocorra (leve, moderado, grave).
Cada combinação gera uma cor e uma prioridade. O famoso “vermelho” aponta risco inaceitável; o “amarelo”, atenção; o “verde”, situação controlada.
Transformar dados técnicos em ações cotidianas é o grande papel da matriz de riscos.
Vamos supor uma empresa de logística: a equipe trabalha em turnos, com levantamento de peso e uso de empilhadeiras. O RH mapeia como riscos principais:
- Colaboradores exaustos (alto risco psicossocial, já que excesso de jornada está entre principais causas de acidentes);
- Acidentes com empilhadeira (médio risco pela frequência, alto pelo impacto);
- Quedas no piso molhado (baixo risco, mas impacto moderado).
A matriz destaca os riscos mais críticos e direciona não só treinamentos e campanhas, mas também ações corretivas e preventivas claras.
Passo a passo: implementando a matriz no RH
Para trazer a matriz à rotina do RH, seguimos um roteiro validado em diversas áreas:
- Levantamento de perigos: consultar o inventário de riscos, mas também conversar com quem atua diretamente nas operações.
- Avaliação da probabilidade e do impacto: atribuir notas para cada perigo, de forma simples.
- Montagem visual da matriz: criar a tabela cruzada, destacando cores e níveis de criticidade.
- Consulta coletiva: envolver gestores e representantes de setores na análise dos resultados.
- Definição das ações prioritárias: a partir dos riscos em “vermelho” e “amarelo”, calendarizar treinamentos, revisões, melhorias ambientais ou comportamentais.
- Acompanhamento e revisão: registrar o que foi feito e revisar periodicamente, conforme orientação do Ministério do Trabalho sobre o PGR (PGR deve ser revisado no máximo a cada dois anos ou diante de mudanças relevantes).
O segredo está na simplicidade. Cada etapa precisa estar clara. O RH pode recorrer a planilhas, softwares específicos ou modelos digitais disponíveis. Importante: a matriz deve ser revisada sempre que mudanças acontecerem – seja no ambiente, maquinário ou equipe.

Dicas para adaptar a matriz a diferentes áreas da empresa
RH de fábrica não é igual ao RH de escritório. O foco dos riscos muda, e a matriz deve acompanhar essa dinâmica. Nossa equipe no Portal NR1 recomenda:
- Para áreas administrativas, incluir riscos psicossociais, ergonomia e saúde mental (guia de riscos psicossociais);
- Para operações, priorizar riscos físicos e mecânicos (máquinas, quedas, choques elétricos);
- Para equipes externas, considerar deslocamentos e exposição a ambientes desconhecidos;
- Atualizar a matriz quando houver mudanças nas tarefas, equipes ou infraestrutura (evitar erros na integração de NRs);
- Incluir a análise dos riscos psicossociais, principalmente após a pandemia e mudanças em modelos de trabalho (desafios na gestão desses riscos).
A matriz não pode ser estática; ela deve refletir a evolução do ambiente de trabalho. Quanto mais colaborativa, mais rica será a identificação de perigos e a busca pelas soluções.
Como engajar gestores e equipes no uso da matriz
Nossa experiência mostra que o sucesso do uso da matriz de riscos começa pela comunicação. Esclarecer, em linguagem simples, o que se ganha com a prevenção e envolver todos os níveis hierárquicos gera engajamento.
Algumas estratégias que recomendamos:
- Promover reuniões breves para apresentar os principais riscos e ações;
- Dar voz para sugestões e relatos de quem vivencia os riscos no dia a dia;
- Usar exemplos e cases reais, inclusive internacionais, para ilustrar benefícios;
- Recompensar equipes por envolvimento na redução dos principais pontos vermelhos;
- Incluir o tema na integração de novos colaboradores.
Engajar pessoas é mais sobre escuta do que sobre discurso.
RH, matriz de riscos e o ciclo de melhoria contínua
O verdadeiro impacto da matriz está no uso recorrente – e não apenas como formalidade. O RH deve tratar a matriz como ferramenta viva. Sempre que analisamos o guia prático para implementação da NR-1, reforçamos: revisão periódica, cultura participativa e ajustes diante dos resultados são os segredos para alcançar ambientes mais seguros, respeitando a legislação e protegendo vidas.
O Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho mostra que, em média, são 83,6 acidentes por hora no Brasil (dados do anuário estatístico). O uso eficiente da matriz de riscos pode ajudar o RH a transformar esses números por meio de engajamento e ação planejada.
Conclusão
Em tudo que desenvolvemos no Portal NR1, buscamos mostrar que o conhecimento técnico precisa ganhar vida útil no dia a dia. É isso que a matriz de riscos faz pelo RH: conecta teoria e prática, reduz perdas, melhora o clima organizacional e salva vidas. Quando o RH lidera um PGR ativo, a cultura preventiva deixa de ser discurso e se torna rotina.
Caso precise de apoio para alinhar sua política de riscos à NR-1 ou aprofundar o uso da matriz na sua empresa, visite outras áreas do nosso Portal e descubra como podemos contribuir pelo crescimento seguro e sustentável do seu negócio.
Perguntas frequentes sobre matriz de riscos na NR-1
O que é matriz de riscos na NR-1?
Matriz de riscos na NR-1 é um instrumento visual que ajuda a identificar, classificar e priorizar os perigos ocupacionais dentro do processo do PGR. Ela cruza probabilidade e impacto dos riscos, ajudando empresas no cumprimento da norma.
Como montar uma matriz de riscos para RH?
Primeiro, faça o levantamento dos perigos no ambiente de trabalho. Depois, avalie probabilidade e impacto para cada um deles. Crie uma tabela cruzada, usando cores para identificar níveis de risco. Envolva gestores e funcionários na discussão. Por fim, defina as ações prioritárias e registre tudo para acompanhamento contínuo.
Quais os benefícios da matriz de riscos?
Facilita a comunicação interna, prioriza ações, evita acúmulo de problemas não resolvidos e reduz acidentes. Também permite mostrar de forma transparente onde estão os maiores perigos e melhora o alinhamento de toda a equipe na prevenção.
Como a matriz ajuda na gestão do RH?
A matriz apoia o RH a decidir onde focar campanhas, treinamentos e ajustes nos processos. Ajuda a comprovar conformidade legal e engaja lideranças na gestão de riscos sociais, ambientais e comportamentais.
Quando usar a matriz de riscos no RH?
Sempre que houver revisão do PGR, mudanças no ambiente de trabalho, novas tecnologias, alterações em equipes ou registros de acidentes e incidentes. O uso regular garante atualização constante da política de prevenção.
